segunda-feira, julho 29, 2024

Aguenta o Pimenta

Aguenta, Chegou o Pimenta

"Não bambeia, aguenta
Sou Exu Pimenta,
Vai arder nos olhos, compadre,
Na boca e nas ventas"

São duas bandas, a clara esta claro, a escura é mais perto da sua carne. É a
esquerda, o dark side, o mensageiro da terra que mostra o que escondemos, uma camada abaixo da pele.

Ninguém gosta do reflexo do espelho, só queremos sossego e água fresca; gritamos pelo que nos é direito, sem compreender o que ensina o esquerdo dos exus e das pomba-giras mostrando o que se esconde além das aparências.

" Duas pernas, dois pés,
Dois braços, duas mãos,
Dois ouvidos, uma boca;
Presta atenção:
São dois olhos para ver
Mas apenas um coração."

Sim, é de dar medo, mas medo da nossa própria ignorância de não conseguir compreender que a escuridão é apenas a ausência da luz. É ignorar os arquétipos; é achar que uma coisa é apenas uma coisa, quando tudo nesse plano é o Eterno manifestado nos dois arcanjos: é Gabriel e Lucifer; é o capeta e o Divino; é o redemoinho do Guimarães Rosa; é da flor o espinho. É Shiva com seu tridente, é Ganhesha na porteira, então olha a ventania, garoto, trazendo a Força da Esquerda.

" É preciso muito respeito para lidar
com essa força e compreender
o Divino trabalhando
na dimensão das dores."

É a lição do espinho, mas também é flor; as revelações arrancam lágrimas das nossas fragilidades, mas também solidificam a nossa vontade; é o falo ereto, é sensualidade, é nego caindo, mas também é dança, pois depois do choro da verdade, menino, vem a alegria da magia da Maria Mulambo. Lá vem as mulheres da rua mostrando o mundo como é, na ambigüidade da realidade, testando a sua fé. No chacoalhar da Cigana, na gargalhada da Pomba-gira Rainha que o macho se revela uma menina.

Por isso lhe aviso, neófito espiritual, esse estudo da esquerda é um assunto
sério, não seja leviano ao lidar com esse mistério.

Se quiser se aventurar pelo estudo das duas bandas, não precisa ter medo, basta apenas ter respeito tanto pelo que é direito quanto o que é esquerdo.

A direita não se sustenta sozinha nesse plano, tudo é Ying e Yang, meu amigo, não alimente engano, pois é no exu se revelando e na pomba-gira bailando que a verdade surge e descobrimos que o que trancava nossas ruas não era o inimigo, mas apenas a ignorância de que dentro de nós habita eternamente a luz e a sombra dançando.

♦️♣️♠️♥️
Sintam o Matnis
Professor Frank Oliveira

 

quinta-feira, julho 25, 2024

Dia do Escritor

Já pensei em desistir de escrever, mas não gosto de ponto final. Sonho em me tornar um escritor, sonho com o dia em que receberei por palavras escritas (não precisava ser muito), sonho que meus manuscritos se transformam em livros expostos nas vitrines das livrarias do meu ego; sonho e sonho, mas continuo escrevendo por prazer, por que quando escrevo, percebo que estou lá por inteiro, mesmo que eu não receba dinheiro.

Não consigo parar, nem mesmo quando recebo de volta a carta que enviei com o manuscrito que jurava que se tornaria um novo best seller. Não consigo parar, nem quando recebo a mensagem de um leitor furioso criticando cada linha e me acusando de ser assassino da língua portuguesa.

Não consigo parar, porque as frases jorram naturalmente e exigem manifestação. Sou um médium da criação, psicografando meu coração que não cala, e diz que não tenho opção a não ser escrever, descrever e narrar.

Escrevo por que adoro a festa do texto terminado, da crônica perfeita, da poesia mambembe montada, da sopinha de palavras que vira picanha declarada.

Escrevo por que há uma força maior guiando meus dedos, minhas mãos na busca do titulo certo que abre o show da banda das palavras. Força maior que se chama inspiração, mas poderia se chamar apenas prazer de escrever.

Escrevo por que se houver ao menos um leitor, minha missão estará cumprida, a tarefa das palavras terminada. 

Se houver ao menos um leitor, minha função como escritor estará realizada.

Frank Oliveira
Escritor e Eterno Aluno das Letras

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